segunda-feira, 19 de julho de 2010


Colocou sua máscara, vestiu-se com o personagem, caminhou por toda a sala relembrando o texto, que havia apresentado a menos de vinte quatro horas e lateja em sua cabeça o dia todo, como se realmente fosse necessário fazê-lo. Fez pose para algumas fotos e foi surpreendida por outras, inspirou profundamente e deixou todo o desespero e insanidade que envolvem seu personagem adentrar em seu ser... Caminhou pelo palco, deitou-se e começou sua cena... Gritou, caminhou, ajoelhou-se, desesperou-se, cravou as unhas em sua pele, puxou seus cabelos, jogou-se no chão, insana, entregue ao desespero, desistente... As demais cenas continuaram, a peça acabou, os aplausos soaram, agradeceu, foi para o camarim e se despiu... Despiu-se da capa, despiu-se da máscara, ajeitou os cabelos como dava, e saiu, cumprimentou alguns, conversou por alguns minutos e se foi, esquecendo de se despir da insanidade e desespero de seu personagem, que agora já não é mais personagem, está impregnado em sua pele, sua mente, sua alma, faz parte de seu ser.

Um comentário:

  1. Intenso... Saber interpretar é mesmo uma arte, é como escrever, podemos ser tantos em um só. O difícil mesmo é o fechar das cortinas, é o virar da última página, quando vem a árdua tarefa de sermos nós mesmos. Muito bom o que encontrei por aqui, voltarei mais vezes. Obrigada por seguir o Mínimos múltiplos comuns.

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